Só na Europa, a indústria
automóvel é responsável por 12 milhões de empregos, mais do que nos Estados
Unidos (oito milhões) e no Japão (cinco milhões). É um mercado gigantesco, que
em Portugal emprega mais de 200 mil pessoas, direta e indiretamente, e
representa 6% do PIB nacional.
O que se prevê que aconteça nos próximos cinco a 20 anos é uma transformação radical da indústria, que mudará a forma como se fabrica, vende e utiliza os carros.
Os veículos passarão a ser elétricos e a estar conectados, com mais atualizações de software do que necessidade de revisão mecânica. As construtoras lidarão com consumidores que querem mais serviços e menos veículos próprios. O mercado tem de se preparar para o inevitável, num processo que terá tanto de disrupção como de angústia.
A Deloitte identifica um
novo ecossistema de mobilidade que assenta em cinco pilares: veículos, gestão
da mobilidade, experiência do cliente, infraestrutura e políticas & regulação.
A PwC criou um acrônimo, EASCY, para resumir as cinco tendências que identifica
nos carros do futuro – eletrificados, autônomos, partilhados, conectados e
atualizados anualmente. A McKinsey antecipa que os lucros globais das
construtoras automóveis cresçam quase 50% em 2020, mas as margens virão
sobretudo dos mercados emergentes, visto que os desenvolvidos (como Europa e
Estados Unidos) estão estagnados.
Seja qual for o ângulo através do qual se
olhe para a indústria, é inegável que há mudanças significativas em curso e que
toda a gente sentirá o impacto: do tipo de empregos às receitas das
construtoras, dos serviços de mobilidade disponíveis aos novos perfis dos
consumidores.
A metamorfose do mercado automóvel virá em três fases nos próximo cinco a 20 anos, explica Jamie Hamilton. A primeira é a passagem do motor de combustão para o elétrico, algo que está a ser impulsionado pela pressão dos consumidores e dos reguladores devido às alterações climáticas.
O dilema é que as construtoras automóveis
continuam a ter de fazer dinheiro enquanto mudam para os veículos elétricos,
mas Hamilton acredita que estamos “quase no ponto de inflexão.” Prevê que os
preços vão descer e que o custo total de propriedade nos primeiros três anos
vai equiparar-se aos carros a gasolina.

A mudança será acelerada pela inovação. Só na China, há quase 500 novas startups focadas em criar novas marcas de carros elétricos e antecipa-se muita concorrência às incumbentes. “Nos próximos três a quatro anos vamos ver este ponto de inflexão, com as pessoas a aderir aos carros elétricos como standard. E isso terá grandes implicações para a indústria.”
Um dos efeitos vai
fazer-se sentir nos stands e nas oficinas, porque os carros elétricos têm menos
componentes e são mais fiáveis, “por isso o mercado pós-venda será
significativamente menos lucrativo”. A pressão sobre os vendedores de carros
gerará outros formatos e as marcas procurarão vender diretamente aos
consumidores, incluindo através de retalhistas como a Amazon. “Vamos ver mais
compras online, porque o modelo de stand não será lucrativo. Isto vai acontecer
nos próximos cinco a dez anos”, frisa Hamilton.

No entanto, “haverá
muitos modelos diferentes das cidades para as zonas rurais, porque pode ser
lucrativo ter um serviço de partilha de carros em Londres, mas não no campo no
norte de Inglaterra ou no interior de Portugal.” Isso dará origem a novos
modelos e diferentes formatos de posse de veículos, uma fase que acontecerá nos
próximos cinco a quinze anos.
VerdeSobreRodas, o ponto de encontro com a
mobilidade sustentável
Postagem: Veículos passarão a ser elétricos e conectados
Publicado no
Verdesobrerodas
Por Motor 24 conteúdo
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