João Marques da Cruz,
administrador da EDP Distribuição, defendeu esta quinta-feira na Mobi Summit,
em Lisboa, que “são os utilizadores dos carros elétricos que devem pagar o
sistema de mobilidade elétrica”, interpelando o governo, e mais concretamente o
Ministério do Ambiente, para a necessidade de criar “legislação para atuar a
esse nível”.
Anteriormente, fonte oficial da EDP tinha já dito ao Dinheiro Vivo que “a ausência de cobrança dos carregamentos em Portugal tem consequências para o desenvolvimento da mobilidade elétrica, dissuadindo o investimento dos operadores em infraestrutura”.
Depois de ter derrapado mais uma vez o prazo
para o início do pagamento dos carregamentos rápidos em 60 postos da rede
Mobi.E, em julho, o novo deadline aproxima-se mais uma vez sem que esteja à
vista qualquer sinal de que a eletricidade usada para carregar veículos
elétricos nos carregadores da rede público vá realmente começar a ser paga até
ao início de outubro.
“Não é socialmente justo que sejamos todos a pagar o
sistema de mobilidade elétrica. Quem não tem um veículo elétrico não deve pagar
o que não usa”, reforçou João Marques da Cruz, salientando: “O esforço deste
governo de que os postos de carregamento sejam pagos é importante. Se se cria
valor tem de ser pago. Os utilizadores querem um sistema eficiente e tem de ser
pago”.
Do lado das empresas, como a EDP, o administrador diz que se têm
“preparado bastante bem” para o futuro da mobilidade elétrica. E deu ainda um
exemplo: “Na China, os postos de carregamento elétrico são todos pagos. É um
negócio e tem de ser assim”. Fonte próxima da Mobi.E tinha já revelado que os
carregamentos rápidos (80% da bateria em meia hora) vão começar a ser pagos
pelos proprietários dos carros elétricos ainda durante o terceiro trimestre
(até outubro), enquanto os carregamentos normais só deverão ficar a cargo dos
consumidores “no início de 2019”.
Até lá, continuam a ser os operadores
responsáveis pelos mesmos a suportar o encargo com a eletricidade consumida.
Fontes de várias empresas, ouvidas pelo Dinheiro Vivo, reportam prejuízos com
este novo atraso da entrada em regime de mercado. No entanto, a “fatia de leão”
diz respeito ao valor pago pela Mobi.E (ou seja, pelo Estado) face aos
restantes 400 postos de carregamento normal: uma fatura mensal que neste
momento ascende já a 29 mil euros por mês.
Este processo está do lado da
Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), cabendo ao regulador
chegar a acordo com a Mobi.E sobre se a conta da mobilidade incluirá ou não a
contribuição para o audiovisual (2,85 euros por mês, sem IVA) paga à RTP, por
exemplo, entre outras parcelas que poderão sobrecarregar os preços.
Quanto às
razões para os sucessivos atrasos na cobrança dos carregamentos elétricos, a
Mobi.e justifica que “há trabalhos ainda serem feitos” e só quando todos os
stakeholders se sentirem prontos, se avançará para a fase de mercado, já que a
empresa tem todo o “interesse em que a mobilidade elétrica funcione da melhor
forma”.
Além disso, está também a decorrer um projeto de atualização
tecnológica em 304 postos da rede de carregamentos, a cargo da Efacec (por 570
mil euros) que deverá ficar concluído também até outubro. Fonte do Ministério
do Ambiente, citada pelo Jornal de Negócios, reafirmou que continuam a ser
desenvolvidos os trabalhos necessários para que o início dos pagamentos seja
“assim que possível”. A mesma fonte revelou ainda que a rede Mobi.E vai ter
mais 302 postos de carregamento até março de 2019.
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mobilidade sustentável
Postagem: Cobrança na rede pública para carregar VE deve começar em breve
Publicado no
Verdesobrerodas
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